Revista Colombiana de Educación
0120-3916
Universidad Pedagógica Nacional de Colombia
https://doi.org/10.17227/rce.num82-11383

Recibido: 17 de marzo de 2020; Aceptado: 22 de junio de 2020; : 4 de agosto de 2020

O playground e as propostas para a educação das crianças (da Infant School ao Parque Infantil, 1823-1935)

M. Kuhlmann Jr., **

Doctor en educación. Investigador, Fundação Carlos Chagas. Correo: mjunior@fcc.org.br Fundação Carlos Chagas Fundação Carlos Chagas Brazil

Resumo

Na história do playground, desde seu desenvolvimento nos EUA, no final do século XIX e início do século XX, adotaram-se equipamentos e propostas pedagógicas que remetem a duas instituições educacionais criadas na primeira metade do século XIX, a Infant School inglesa e o Kindergarten alemão. A iniciativa norte-americana espraiou-se na América Latina, como no México, na Argentina, no Uruguai e no Brasil. Neste artigo de pesquisa histórica, analisam-se as ideias sobre o playground defendidas por Samuel Wilderspin, responsável pelo movimento da Infant School na Inglaterra. Em seguida, apresentam-se algumas das propostas da Playground Association of America e informações sobre a difusão do playground na América Latina. O texto analisa como as composições que levaram à sua implantação foram produzidas por meio de articulações voltadas às políticas sociais que não se restringem a questões pedagógicas, escolares, mas estão referidas também à educação física, ao urbanismo e ao higienismo. Consideradas muitas vezes como restritas a propostas de educação física, voltadas a práticas desportivas, de ginástica e de lazer, essas instituições construíram propostas de educação integral envolvendo diferentes dimensões. Identifi-cam-se diferenças entre os países, devido aos contextos em que as propostas foram apropriadas, como no caso do Parque Infantil, e outras variantes da instituição no Brasil, e das Plazas de Deportes e Escuelas al Aire Libre no Uruguai. As confluencias e distâncias na história dessas instituições em toda a América Latina constituem um fértil campo de investigações a ser explorado.

Palavras-chave:

Playgrounds, Infant School, educação física, higiene, América Latina.

Introdução

Desde os anos de 1920, no Brasil, desenvolveram-se propostas e implanta-ram-se instituições caracterizadas como extraescolares, que tiveram como fonte de inspiração os playgrounds norte-americanos organizados junto à Playground Association of America. Instituições com perfil semelhante foram identificadas também em outros países latino-americanos, como Argentina, Chile, México e Uruguai. O Parque Infantil, implantado na cidade de São Paulo em 1935, foi a instituição que ganhou maior notoriedade no Brasil. A partir da década de 1940, inauguraram-se parques infantis no interior do estado de São Paulo e também em outros estados do país transformando-se, após a segunda metade dos anos de 1970, em Escolas Municipais de Educação Infantil.

Neste artigo, serão analisadas as propostas educacionais para essas instituições. Focalizam-se o playground da Infant School inglesa, organizado por Samuel Wilderspin, nos anos 20 do século XIX; a Playground Association of America, no início do século XX e depois o Parque Infantil e outras instituições brasileiras e latino-americanas. É inegável que cada um dos contextos em que essas instituições se desenvolveram tem as suas especificidades. Mas também encontram-se pontos em comum em evidências que remetem a filiações ou citações do passado que não são explícitas e se apagaram nas narrativas que tratam das suas histórias. As composições que levam à sua implantação se produzem por meio de articulações voltadas às políticas sociais e não se restringem a questões pedagógicas, escolares, mas estão referidas também à educação física, ao urbanismo, ao higienismo. Para desenvolver essa trama tem-se como aportes teóricos e metodológicos a perspectiva do estudo da história da educação no quadro das relações sociais e a busca de evidências que sustentem possibilidades explicativas consistentes (Ginzburg, 2007; Kuhlmann Jr, 2019; Kuhlmann Jr. e Leonardi, 2017; Thompson, 2001; Williams, 1992).

O playground na Infant School

Os documentos e os estudos que tratam da história do playground mencionam uma influência remota nas propostas pedagógicas de Froebel para o Kindergarten (Jardim de Infância). Entretanto, uma figura do livro School architecture, publicado nos EUA em 1848, indica uma outra referência para a implantação dos playgrounds norte-americanos: a Infant School, instituição organizada por Samuel Wilderspin, na Inglaterra, que não foi identificada nos textos da Playground Association of America. O autor do livro, que apresentava diferentes modelos de construções escolares destinadas à educação popular, era Henry Barnard, um dos pioneiros do Movimento das Escolas Comuns norte-americano. Em um tópico sobre plantas para prédios e pátios de escolas infantis, Barnard reproduziu uma figura do play-ground da Infant School, argumentando sobre as propostas de Wilderspin e a importância desse espaço, que permitiria alternar as horas de recreação e estudo (Barnard, 1849).

Em 1823, Wilderspin publicou o livro On the importance of educating the infant children of the poor, em que sistematizou, em suas 184 páginas, as propostas que vinha aplicando na Spitalfields Infant School, desde a sua abertura, em 1820, com vistas a orientar a constituição de um sistema de escolas infantis. O livro foi revisto e reescrito algumas vezes, recebendo o nome Early education, em 1840 e publicado em 1852, como oitava edição, "cuidadosamente revista", agora com 351 páginas e denominado como The infant system, apresentando como subtítulo "para o desenvolvimento das capacidades intelectuais e morais de todas as crianças de um a sete anos de idade".

O livro de 1823 já traz um capítulo dedicado ao playground, que não seria uma instituição específica, mas um anexo necessário ao espaço escolar, diferentemente das instituições extraescolares que foram implantadas no final do século XIX e início do século XX, nos EUA. Para o autor, uma Infant School sem um playground seria prejudicial às crianças:

Manter uma centena de crianças, ou mais, em uma sala, embora possa ser conveniente sob outros aspectos, mas não para dar relaxamento e exercício apropriado às crianças, que elas não poderiam ter sem um play-ground, seria materialmente ferir a sua saúde, algo, na minha humilde opinião, da primeira importância. (Wilderspin, 1823, p. 170)

A mesma citação aparece na edição de 1852, mas no livro de 1823, as considerações do autor são predominantemente morais. O playground poderia ser comparado a estar solto no mundo, onde a criança deixaria aflorar as suas inclinações e os efeitos produzidos em sua educação. Caso fossem afeitas a brigas e discussões, o professor teria a oportunidade de dar conselhos sobre a impropriedade de sua conduta, enquanto que se a criança permanecesse apenas na sala, isso não se manifestaria na escola, mas apenas quando fosse para a rua. Este espaço para brincar contribuiria também para a criança gostar mais da escola (Wilderspin, 1823).

Já em 1840, os brinquedos e brincadeiras ganham relevância, ao lado da educação moral. O livro foi citado por Barnard (1849), que reproduziu uma gravura que constava daquela edição e apresentou a organização desse espaço exterior com materiais e práticas a serem ali desenvolvidas.

Playground para uma escola infantil ou primária

Figura 1: Playground para uma escola infantil ou primária

Fonte:Barnard (1849), p. 89.

Na edição de 1852, as propostas para o playground não ficam mais restritas às considerações morais e aparecem em dois capítulos: o quinto, sobre os princípios para a educação infantil, e o sexto, sobre os requisitos para uma escola infantil.

No quinto capítulo, o playground é apresentado como indispensável aos propósitos educacionais da instituição. Na educação infantil, o exercício e o fortalecimento das energias físicas seria a base para um intelecto poderoso e sadio. Pelo jogo, a criança poderia adquirir uma grande quantidade de conhecimento valioso. Ao jogar, a criança poderia ver o livro da Natureza:

A absurda noção de que a criança somente poderia aprender dentro de uma sala precisa explodir. Em uma hora nos jardins, nos caminhos, nos campos, seria possível fazer mais para cuidar e satisfazer as florescentes faculdades da infância, do que durante meses dentro de uma sala. (Wilderspin, 1852, pp. 77-78)

O exercício físico, inerente à vida animal, sustentava a proposta de que uma boa constituição deveria ser o primeiro objetivo da educação. A aquisição de hábitos de trabalho não poderia ser feita pelo constrangimento das atividades infantis:

Privem as crianças das suas diversões e em breve elas deixarão de ser os vivos e felizes seres que nós temos visto até agora, e se tornarão as criaturas doentias e sem vida que nós estamos acostumados a ver e ter piedade, sob o confinamento e restrição das dame schools. Eu não tenho escrúpulos em afirmar que, se os playgrounds das escolas infantis forem retirados do sistema, elas deixariam, a partir desse momento, de ser uma benção para o país. (Wilderspin, 1852, p. 80)

O sexto capítulo prevê a moradia de professor e professora na escola e dispõe sobre materiais, mobiliário, arrumação dos espaços e distribuição das crianças por idade. Nele, Wilderspin não reproduz a figura da edição de 1840, mas apresenta uma representação mais simples do balanço giratório (rotatory swing) existente no playground, que também é imagem da capa da publicação. Após apresentar as considerações de ordem moral já previstas em 1823, o autor tece considerações sobre a organização do espaço. Recomenda a pavimentação do piso com tijolos, a fim de obter boa drenagem do solo e de evitar que as crianças viessem a se sujar demasiadamente. Árvores frutíferas deveriam ser plantadas ao redor dos muros e ao centro do playground, o que alegraria as crianças, ensinando-as também ao respeito à propriedade privada. Um canteiro de flores em toda a volta também era recomendado. Tudo isso proporcionaria a oportunidade de úteis lições para as crianças:

Balanço giratório

Figura 2: Balanço giratório

Fonte:Wilderspin (1852, p. 105)

Wilderspin manifestou também a sua crescente convicção na importância do playground, a cada ano. Relatou que a experiência com o uso de bolas, aros para girar e petecas não havia sido bem sucedida, pois as bolas se perdiam frequentemente ao passar os muros, e os outros materiais provocavam acidentes. Daí surgiu a ideia de obter blocos de madeira medindo por volta de 10 centímetros de comprimento por 5 de largura e 3 de altura, com os quais as crianças se entretinham muito, construindo uma grande variedade de formas (Wilderspin, 1852).

Para completar o playground, Wilderspin propunha a instalação de um balanço giratório, com um mastro de mais ou menos 5 metros de altura, no topo do qual se fixariam 4 cordas em uma roldana para as crianças girarem, exercício que fortaleceria os músculos e daria vigor ao corpo. O autor concluiu o capítulo afirmando que o playground poderia até ser chamado mais apropriadamente de training-ground, campo de treinamento (Wilderspin, 1852). O balanço giratório foi um equipamento utilizado nos playgrounds e nas instituições brasileiras, sendo denominado como "passo do gigante" (Kuhlmann Jr., 2019).

Os blocos de madeira, como representado na figura de 1840, são muito semelhantes aos materiais utilizados no jardim de infância. Embora o uso desses materiais não tenha ocupado um lugar tão central na Infant School quanto na proposta froebeliana, os indícios mostram que o uso desses materiais de construção não teria sido uma ideia original do pedagogo alemão. É plausível supor que em ambos os casos seriam apropriações de práticas oriundas das brincadeiras na cultura popular. Não se sabe se Froebel teria lido o livro de Wilderspin, o que não é improvável, pois foi traduzido ao alemão por Joseph Wertheimer, em 1826, com uma segunda edição em 1828, com 410 páginas (Wilderspin, 1828). De acordo com Jean-Noel Luc (1999), Wertheimer impulsionou o debate sobre a educação das crianças não só na Alemanha, como na Hungria e na Itália.

O playground nos EUA

Quanto ao playground norte-americano, apresentam-se alguns apontamentos. As ideias de Wilderspin não foram referidas pelos protagonistas do movimento. No entanto, a figura publicada no livro de Barnard foi apropriada na historiografia dos playgrounds e difundida erroneamente como se fosse uma proposta elaborada pelo próprio Barnard, ou mesmo como uma imagem do que teria sido um dos primeiros playgrounds norte-americanos (Brett et al., 1999; Kuhlmann Jr., 2019).

A referência a Froebel é que aparece como fonte de inspiração para as propostas, como referido no primeiro número da revista mensal The Playground, da Playground Association of America, em abril de 1907:

Froebel planejou o kindergarten há mais de oitenta anos, com seus jogos e ocupações, para as crianças pequenas. Nós propomos agora desenvolver um sistema graduado de kinder-welten, - escolas com playgrounds e oficinas, ginásios e salas de trabalhos manuais, salas de ciência e arte, museus e bibliotecas, salas de leitura e de estudos, sob um currículo que apresente os sucessivos estágios do progresso humano, com o fim de que a criança individual e o seu meio possam agir e reagir em linhas selecionadas de desenvolvimento racial. (The Playground, 1907, p. 8)

A revista, lançada um ano após a criação da Associação, trazia uma carta do presidente Theodore Roosevelt em defesa dos playgrounds públicos. Roosevelt foi nomeado presidente de honra da entidade, que indicou também como membro honorário o Barão Von Schenkendorff, presidente da Associação dos Playgrounds da Alemanha.

Von Schenkendorff foi considerado como referência para a organização dos playgrounds nos EUA, os quais teriam sido implantados como resultado da visita de Marie Zakrzewska a Berlim, quando observou jardins com areia para as crianças, criados por ele, e que inspiraram a implantação de um amplo tanque de areia nos jardins da Children's Mission em Boston, em 1885 (Hansan 1925).

No quarto número da revista The Playground, desnvolve-se a ideia do kinderwelten, o mundo das crianças, que ampliaria a ideia de Froebel, com as escolas de jogos (play schools). As escolas de jogo congregariam playgrounds, fazendas de jogos (play farms), escolas de férias e suas lojas:

As escolas de jogos são necessárias para o desenvolvimento da expressão, poder, personalidade - metade do trabalho da educação pública elementar, ignorada ou pouco desenvolvida no atual sistema de educação, que limita sua atenção majoritariamente para o trabalho de pensamento, refinamento, cultura. (Stewart, 1907, p. 7)

O folclore foi um dos recursos recomendados pela Playground Association of America. Na programação do Primeiro Congresso Anual, de 1907, previa-se a apresentação de danças folclóricas da Polónia, Boêmia, Itália, Grécia e Noruega (The Playground, n. 3, p. 8). No Segundo Congresso Anual de Playgrounds, ocorrido em 1908, em Nova Iorque, o festival de danças nacionais e folclóricas foi considerado o mais belo evento da reunião. As danças folclóricas apresentadas pelas crianças eram oriundas de várias nacionalidades: italiana, polonesa, espanhola, irlandesa, boêmia, russa, sueca, húngara, escocesa, alemã e "negro" (sic) (Playground Association, 1909, pp. 48-49).

A dança folclórica proporcionaria situações controladas em que o reconhecimento das diferenças culturais da população imigrante seria um meio para a sua integração à sociedade americana. Ao sentir que suas heranças culturais eram apreciadas, os recém-chegados poderiam desenvolver mais facilmente a lealdade à nova nação. Ao dançar em conjunto, cresceriam menos apegados às suas diferenças e mais conscientes do seu esforço individual como subordinados aos interesses do grupo (Mooney-Melvin, 1983).

Luther Halsey Gulick, presidente da PAA, considerava que não bastaria considerar os jogos e danças como uma válvula de segurança, como de valor moral que dariam a oportunidade para um inocente consumo de alegre energia:

Eles constituem, acreditamos, uma força moral positiva, uma agência social, que tiveram no passado e estão destinados a ter no futuro a grande função de moldar em um todo único aqueles cujas condições e ocupações são demasiadamente diversas. (1909, p. 433)

A associação teve seu nome alterado para Playground and Recreation Association of America, em meados da década de 1910, e para National Recreation Association, nos anos de 1930. A retirada do nome Playground teria representado o final da defesa dos playgrounds organizados para as crianças, com a transição para a ênfase no playground como espaço de exercícios de ginástica ou de recreação, nas escolas ou parques públicos, embora a proposta original tenha permanecido no interior das escolas de educação infantil (Frost e Woods, 1998).

A educação física e o playground em países da América Latina

Há vários indícios da inspiração norte-americana para a instalação de instituições correlatas aos playgrounds nos países da América Latina, fortemente vinculadas à educação física.

No Brasil, Frederico Gaelzer, que era atleta da Associação Cristã de Moços em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, recebeu uma bolsa para estudar nos EUA, no George Williams College, instituição vinculada à YMCA, em 1918. Voltou a Porto Alegre apenas em 1926, onde organizou, junto à prefeitura, os Jardins de Recreio, versão gaúcha dos playgrounds (Feix & Goellner, 2008). De acordo com Gomes (2006), antes de seu retorno, atuou nas ACM do México e do Uruguai.

A denominação Jardim de Recreio compõe as referências a Froebel e ao playground. No caso brasileiro, outras denominações foram utilizadas, como Campo ou Praça de Recreio e de Jogos, Escola de Saúde e Parque Infantil, esta a que se tornou mais comum.

A denominação parque infantil já aparece em 1915, no livro Eduquemos, de Arthur Porchat de Assis, professor de Pedagogia no Liceu Feminino Santista e diretor do Instituto Dona Escholástica Rosa, em Santos, SP (Faria e Monteiro, 2020). No livro, o autor conclui o capítulo intitulado "Da Educação Physica" propondo a criação de parques infantis. Assis cita Froebel, mas não fica claro se há influência do modelo dos playgrounds, até porque a principal referência do autor no livro é europeia e não norte-americana. Mas as proposições aproximam-se do que depois iria se configurar na implantação dessas instituições no Brasil:

Quanto á iniciativa particular, animem-se os proprietarios dos casinos das nossas praias a estabelecer os grandes parques infantís, onde as creanças possam gozar a oxydação do ar, a liberdade dos seus movimentos, a alegria e expansão dos seus sentimentos. Nada poderá ser mais attrahente do que um parque infantil! Logo pela manhã, soltem as famílias esse bando gárrulo de creanças, e que ellas vão buscar no parque os mais innocentes motivos para a troca de idéas, permuta de affectos, ora correndo nas alamedas extensas, a pé, em suas bycicletas, nos seus carrinhos de bódes; ora, na construcção de suas casinhas de areia ao lado do lago crystallino; ora, na edificação dos artísticos palacios, armados com os cubos e mais materiaes de madeira do Papá Froe-bel; tudo, finalmente, que exprima - vida, saude e alegria. Passarão as creanças horas esquecidas, gosando salutarmente as influencias d'esse meio real e artificial. Real, pela approximação directa da natureza, cujos elementos physicos exteriores actuarão, restaurando, no seu organismo geral; artificial, pellos effeitos educativos que a arte crear na escolha dos jogos, na variedade das occupações, sempre improvisadas e accionadas pelos directores d'esses centros infantís. (Assis 1915, pp. 28-29)

Em 1941, Nicanor Miranda, que era chefe da Divisão de Educação e Recreio de São Paulo, responsável pelos parques infantis do município, publicou um livro sobre a propagação dos parques infantis e parques de jogos. Em relação à América Latina, Miranda apresentou informações sobre iniciativas no México, em Cuba, Uruguai, Argentina e Chile. Quanto ao México, indicou os parques como desdobramento das "missiones culturales", desde 1926, e destacou o papel dos professores de educação física na recuperação dos jogos e danças tradicionais mexicanos, realizado no parque infantil de Xalapa. Em Cuba, mencionou a criação do Conselho Corporativo de Educação, Saúde e Beneficência, em 1936, no governo de Batista, responsável pela abertura de parques infantis e juvenis, destacando o parque José Marti, em Havana. No Uruguai, Miranda afirmou que o impulso à educação física se fazia desde 1923, com as "plazas de deportes", traduzidas por ele como parques de jogos, algumas delas com um "rincón infantil". Quanto à Argentina, referiu-se à criação da "Direción de Plazas de Exercicios Fisicos y su Regulamentación", em 1919, que organizou praças de jogos, colónias de férias, clubes de meninos jardineiros e recreios infantis. Em relação ao Chile, mencionou a criação de praças de jogos desde 1923, sendo que muitas delas teriam sido fechadas, por não terem implantados serviços organizados, com profissionais, muitas vezes restringindo-se à simples instalação de equipamentos (Miranda, 1941).

Entretanto, é preciso olhar com cautela para os documentos. As informações de Miranda foram obtidas de bibliografia acessada por ele e contêm incorreções. Por exemplo, em relação ao Uruguai, Miranda refere-se ao documento da autoria de Julio Rodríguez, Plan de ación de la Comissión Nacional de Educación Física (CNEF) de 1923. Mas as iniciativas no Uruguai já vinham de 1911, ano da criação da comissão em que Rodríguez posteriormente veio a atuar como diretor técnico. Em 1913 houve a implantação das Plazas Vecinales de Cultura Física, que tiveram seu nome modificado para Plazas de Deportes em 1915 (Scarlato, 2015). Pode ser que Miranda tenha se equivocado ou que tenha ocorrido um erro gráfico em seu trabalho, pois ele arrola como referência o relatório de 1923 e afirma no texto que as suas informações sobre o Uruguai proviriam do "último relatório oficial" daquele país, onde já existiriam 85 plazas de deportes (Miranda, 1941).

Sobre o Uruguai, Scarlato (2015) cita o livro de Juan Arturo Smith, presidente da CNEF, de 1913, que fazia seu tributo aos EUA, referindo-se ao livro American playgrounds, de E. B. Mero, de 1908. Miranda (1941) também citou este livro como referência para escrever sobre os eua. De acordo com Scarlato, Smith considerou que as plazas vecinales superavam os playgrounds por dois motivos: eram abertos não só a crianças e adolescentes, mas às mães, pais, jovens e idosos; e com a incorporação de uma "direção organizada". Smith nomeou Jess Hopkins como diretor técnico da primeira plaza vecinale. Hopkins era um estadunidense radicado no Uruguai desde 1912, graduado em educação física no Springfield College, vinculado à YMCA, que tornou-se encarregado do Departamento de Educação Física da ACJ, Associación Cristiana de Jóvenes uruguaia. Posteriormente, por indicação de Hopkins, Julio Rodríguez foi estudar educação física na Universidade de Springfield.

Cabe assinalar que o presidente da Playground Association of America, Luther Halsey Gulick, foi também diretor do Departamento de Educação Física da Universidade de Springfield, anteriormente denominada como Escola Internacional de Capacitação da YMCA, em Massachussets (Dogliotti, 2013).

O urbanismo e os playgrounds

O crescimento das cidades, ao final do século xix e início do século XX, trouxe a questão dos parques e da recreação para os debates do urbanismo e do paisagismo. Em 1923, Gilberto Freyre, após concluir o seu mestrado na Universidade de Colúmbia, escreveu a crónica Ludum Pueris Dare, publicada no Diário de Pernambuco, em que mencionava os playgrounds:

Eu quisera que os meninos meus compatriotas soubessem resistir à mania que aqui se tem de fazer das crianças homenzinhos o mais depressa possível. Já basta o fato de ser este burgo, como os demais burgos do Brasil, uma triste cidade sem áreas de recreio para os pequenos, sem gramados por onde eles possam correr, sem tanques onde possam brincar com navios de papel, sem coisa nenhuma que estimule neles a alegria. E, ao contrário das crianças que a gente vê, em revoadas alegres, pela relva dos parques de Londres e de Berlim, nas Tulherias e nos "play-grounds" de qualquer cidade dos Estados Unidos e do Canadá, os meninos daqui são umas tristes criaturas, candidatos ao fraque e à calvície precoce. (1979, p. 141)

Em 1925, Gilberto Freyre tornou a mencionar em outra crónica a necessidade de áreas para o recreio livre das crianças e em 1929, quando era secretário do governador de Pernambuco e professor de sociologia na Escola Normal do Recife, fez anotações sobre pesquisas realizadas por suas alunas na cidade e a iminência da implantação de playgrounds. Freyre havia feito estudos sobre o urbanismo moderno e projetava: "O Recife vai ser a primeira cidade brasileira a ter playgrounds". Não se sabe se foram de fato implantados, pois com as mudanças políticas ocorridas no Brasil em 1930, o governador foi deposto e Freyre o acompanhou ao exterior (Freyre, 2006, p. 314).

Em 1930, na cidade de São Paulo, foi inaugurado o Playground do Parque D. Pedro ii, resultado de articulações que se fizeram desde a década de 1920, realizadas no âmbito do Rotary Club, presidido pelo médico Edmundo de Carvalho, do qual participava o futuro prefeito da cidade, Luiz Ignácio de Anhaia Mello (Dalben, 2016). Para os urbanistas, o recreio ativo das crianças propiciaria o contato com a natureza. Soares analisa como, no início do século XX,

educadores, cientistas, artistas, urbanistas e médicos contribuem para a configuração de um ideário de vida ao ar livre, no qual o desejo de se evadir em direção a uma natureza concebida como fonte de recuperação de energias perdidas e de regeneração é central (2016, p. 18).

Não se trata apenas de uma natureza externa ao ambiente urbano, mas também do desenvolvimento de propostas da organização de espaços que trariam a natureza para dentro da cidade. As ideias urbanistas estiveram presentes no playground do Parque D. Pedro ii, em São Paulo, inaugurado em 25 de dezembro de 1930. Na ocasião natalina, houve uma festa com a distribuição de brinquedos e doces para as crianças e que contou com a presença de autoridades.

Provavelmente, o playground começou a funcionar anteriormente, sendo esta data apenas para a comemoração oficial, pois 7 meses antes, reportagem do Diário Nacional anunciava que as obras já estavam em fase de conclusão. O texto tinha como ponto de partida as concepções do "urbanismo moderno" em relação ao restabelecimento do contato com a natureza, indicando a tendência de se trazer o campo à cidade, com a implantação do "recreio activo". Com uma piscina para crianças de até 5 anos já pronta, o primeiro parque de recreio organizado da cidade aguardava os últimos retoques em seu barracão e a entrega das gangorras, balanços e jogos que estavam sendo feitos no Liceu de Artes e Ofícios da capital. Previa-se a frequência diária de 300 crianças. Considerando o urbanismo uma questão de educação, a reportagem apresentava a finalidade educativa do playground:

ao lado do aperfeiçoamento physico das crianças será colocada a formação mental das mesmas, por meio de prelecções educativas, aulas ao ar livre, de um quarto de hora, cantos, recitativos, etc. [...] As crianças respirarão a atmosphera livre do campo em plena cidade dos arranha-céos. ("Estão quasi promptas", 1930)

O higienismo - educação e saúde nos parques

Em 1931, o playground do Parque D. Pedro ii teve alterada a sua denominação para Escola de Saúde, resultado uma parceria da Associação Cruzada Pró-Infância com a prefeitura paulistana, que tinha como base um programa destinado à infância que visava diminuir a mortalidade infantil e promover a educação para a saúde física e moral das crianças. A autora do programa foi Maria Antonieta de Castro, diretora-secretária da entidade, que tinha Pérola Byington como diretora-geral. Maria Antonieta de Castro era educadora sanitária e havia exercido vários cargos no Serviço Sanitário e no Instituto de Higiene de São Paulo. A própria Cruzada Pró-Infância, nasceu no interior da Associação de Educação Sanitária, tendo se autonomizado em 1931.

No dia 12 de outubro de 1931 houve a inauguração oficial da Escola de Saúde, como parte das comemorações da Semana da Criança, festividade implementada pela Cruzada Pró-Infância. Na cerimónia, Pérola Byington, diretora da Cruzada, expós que a finalidade da escola era atrair as crianças dos bairros próximos, como o Brás e a Moóca, à época locais de moradia de operários. Segundo ela, o playground do parque D. Pedro ii estava praticamente abandonado, apenas contando com vigilância diária, mas sem orientação. A prefeitura atendeu à solicitação da Cruzada e cedeu o espaço, que passaria a ter um programa educativo, com conferências, reuniões de pais, ginástica, jogos, brinquedos, excursões educativas, ginástica médica especializada, festas e competições esportivas. Na tarde desse mesmo dia, Pérola Byington e Maria Antonieta de Castro, participaram da continuação das comemorações da Semana da Criança, no Teatro Municipal, onde houve a conferência de Fernando de Azevedo, "A Saúde e a Escola Nova". Na abertura da sessão, o Diretor Geral do Ensino de São Paulo, Lourenço Filho, leu uma carta do presidente da República, Getúlio Vargas, em que manifestava seu interesse pela Semana da Criança promovida pela Cruzada e por uma campanha voltada aos problemas relativos à criança, na imprensa, rádios e conferências. Fernando de Azevedo, em sua fala, disse da necessidade do cultivo da saúde da criança, ao lado da formação do seu caráter e da educação de sua inteligência. ("Iniciou-se ontem", 1931)

Sobre a proposta educacional da Escola de Saúde, que contava com educadoras sanitárias comissionadas, Maria Antonieta de Castro escreveu:

Em 1931, a Cruzada organizou e fêz funcionar, no Parque D. Pedro, a Escola de Saúde, para débeis físicos, com regime especial de exercícios físicos, hidro e helioterapia, na qual organizou, também, a primeira Bibliotéca Infantil de S. Paulo, com 500 volumes. Em 1936, assimilada pela Prefeitura, esta Escola se transformou no Parque Infantil que, ainda, existe. (Castro, 1956, p. 2)

A cidade de Santos, no litoral paulista, também inaugurou a sua Escola de Saúde, sob a égide do Rotary Club da cidade, antes mesmo da de São Paulo, no dia 23 de fevereiro de 1931. Posteriormente, em 1942, foi incorporada à prefeitura santista, com a denominação de Parque Infantil (Cunha, 2018).

Da mesma forma que na cidade de São Paulo, previa-se que a Escola de Saúde tivesse educadoras sanitárias vinculadas ao estado, auxiliadas por adjuntas municipais, que ministrariam "ensinamentos de gymnastica respiratoria e sueca, recreio instructivo, instrucção civica e noções de cousas e de hygiene, além da pratica da helioterapia" (Escola de débeis, 1931).

A expressão Escola de débeis, que intitulava a reportagem, também foi utilizada em relação à Escola de Saúde paulistana e remete à proposta das escolas ao ar livre e das colónias de férias, difundidas desde o início do século XX, na Europa e na América Latina (Amaral, 2016; Dalben 2009, 2019). Seriam medidas voltadas a superar a debilidade física e o risco do contágio da tuberculose, em tempos anteriores à vacina BCG.

O sol e a natureza como promotores da saúde foram propagados pelos higienistas. Em 1916, Moncorvo Filho, que era diretor do Instituto de Proteção e Assistência à Infância do Rio de Janeiro, apresentou comunicação ao Primeiro Congresso Médico Paulista sobre as iniciativas brasileiras em relação à helioterapia. Destacou, além da sua atuação, os nomes de "Clemente Ferreira, Alfredo Ferreira de Magalhães, Augusto Paulino, V. Veiga, Jader de Azevedo, Ribeiro de Castro, Oliveira Botelho, Julio Novaes e outros", que há três anos começavam a ensaiar o "novo methodo naturista" (Moncorvo F° 1917, p. 8). No texto, referiu-se à criação de um Serviço especial de helioterapia, com a instalação de um solário no Dispensário Moncorvo, apresentando resultados de 14 casos de tratamento de crianças e adolescentes.

Em 04 de maio de 1924, Moncorvo Filho, juntamente com Alves Filgueiras, inaugurou o "Heliotherapium", "um estabelecimento especialmente consagrado á prophylaxia e á cura das doenças pelos banhos de sol". No discurso proferido na inauguração, Moncorvo afirmou que um dos principais objetivos do instituto estaria em:

cuidar particularmente das creanças debeis, apoucadas, anemicas ou rachiticas, a serem radicalmente transformadas no seu physico pelos maravilhosos efeitos da vida ao grande ar, outrossim aprendendo ou brincando sobre o influxo dos raios methodica e escrupulosamente empregados. (Moncorvo F° 1924, pp. 6-7)

Em relação à helioterapia, as imagens das crianças em fotografias da Escola de Saúde santista seguem o padrão de escolas ao ar livre europeias ou de outros países latino-americanos. As crianças vestem chapéus de abas largas, com roupas de banho. Em uma das fotos, estão em formação e está escrito na foto, "ginastica ao sol"; em outra, um modelo clássico: a maioria delas deitadas em cadeirinhas de lona, dispostas em semicírculo, mais algumas sobre esteiras no chão, tendo diante delas a professora, vestida, sentada em uma banqueta, com a legenda "banhos de sol com lições de higiene" (Cunha 2018, p. 64).

Banho de sol na Escola de Saúde de Santos, s. d.

Fig. 3: Banho de sol na Escola de Saúde de Santos, s. d.

Fonte: Acervo família Duarte. Laboratório de Informação, Arquivo e Memória da Educação (Liame), Unisantos.

A denominação Escola de Saúde já havia sido empregada anteriormente à instituição santista e ao playground do Parque D. Pedro ii. Em julho de 1930, uma reportagem tratava da Escola de Saúde do Centro de Saúde do Bom Retiro, bairro da capital paulista, instalada dois meses antes pelo Serviço de Inspeção Sanitária do estado. A encarregada do Centro, Maria Conceição Junqueira, contou à reportagem que a intenção era tornar crianças fracas em crianças robustas. Para tanto, selecionaram 20 meninas e 15 meninos desnutridos, do Grupo Escolar João Kopke, próximo ao Centro de Saúde. Passaram então a ministrar ensinamentos de saúde, aplicação de remédios, ginástica respiratória e exposição ao sol. Ao final das atividades, serviam uma sopa ou mingau e uma fruta. As educadoras sanitárias também visitavam os pais para aconselhamento. Como estratégia didática, fizeram um plano de excursões chamado "rumo à cidade da saúde". De acordo com a proposta, para chegar à cidade da saúde, as crianças deveriam passar por todas as estações, o que significaria ganhar 200 gramas de peso, mensalmente:

como nos contos de fadas, a Cidade do Banho é a primeira estação da estrada da hygiene, que vae dar á Cidade da Saude, passando pelas estações: Fonte de Agua Pura. Valle das Frutas, Cidade da Alimentação Sadia, Exercicio e Repouso, Ar Puro e Luz do Sol, Estancia do Leite, Campo das Batatas, Escola, Sono reparador. ("Apenas de tanga", 1930)

Considerações finais

As relações entre as propostas para o playground da Infant School e o playground norte-americano não foram diretas mas há interessantes pontos de contato que repercutiram na difusão dessa instituição pelo continente americano. O balanço giratório, que teve seu projeto detalhado no livro de Wilderspin, acompanhou essa difusão, denominado "passo do gigante" no Brasil, sendo precursor de outros equipamentos (escorregadores, gangorras, balanças, gira-giras) que passaram a ser instalados tanto em playgrounds institucionais - organizados, com um corpo profissional -, quanto em playgrounds em um sentido mais informal - um espaço em praças e parques para a diversão das crianças. Não se localizou estudo que tratasse da repercussão do livro de Barnard sobre a arquitetura escolar nos EUA. Mas a apropriação da imagem de Wilderspin como se fosse o projeto precursor de um playground norte-americano é um reconhecimento distorcido dessas relações.

A educação física tornou-se uma das principais bases para propagar essa instituição educacional. O corpo é compreendido para além da prática de exercícios ginásticos, nas expressões culturais, como no caso das manifestações folclóricas, e na sua relação com a natureza, promotora do desenvolvimento sadio.

A formulação de políticas sociais, ao lado do planejamento das cidades modernas e seus espaços agregam o interesse de urbanistas e governantes sobre a instituição. O presidente norte-americano, Theodore Roosevelt, em sua carta à Playground Association of América escreveu:

O jogo [a brincadeira, play] é no presente praticamente o único método para o desenvolvimento físico das crianças da cidade e nós precisaríamos prover instalações para isto, se quisermos crianças fortes e cumpridoras da lei. [...] Se não permitimos que as crianças trabalhem precisamos garantir outros espaços que não as ruas para o seu tempo de lazer. (The Playground, 1907, p. 5)

Os vínculos entre educação e saúde foram um forte componente das propostas dessas instituições, estando presentes até mesmo em período posterior ao indicado no título deste artigo. Curiosamente, a atividade da excursão desenvolvida na Escola de Saúde do Bom Retiro foi proposta de forma muito semelhante em junho de 1948.

Entre 1947 e 1957, as propostas para o Parque Infantil na cidade de São Paulo eram difundidas no Boletim Interno da Divisão de Educação, Assistência e Recreio, da Secretaria de Educação da cidade de São Paulo, que mensalmente orientava o trabalho naquelas instituições (Kuhlmann, Jr. e Fernandes, 2014). No Boletim Interno publicado naquele mês, a chefe da Seção Técnico-Educacional, Noemia Ippolito, apresentava uma reprodução em miniatura de um desenho existente no prédio do Parque Infantil D. Pedro n, com o nome de "Uma viagem à terra da saúde" (fig. 4). O desenho deveria ser entregue às crianças, que com seu gosto pelo manuseio dos lápis coloridos pintariam as imagens, "simulando uma verdadeira viagem" e adquirindo conhecimentos indispensáveis sobre o banho, a vida ao ar livre, alimentação sadia, mas também sobre as instituições educacionais e o estudo. Terá sido a proposta do Bom Retiro utilizada como referência para a confecção do desenho ainda no tempo da Escola de Saúde no Parque D. Pedro n, sendo mantida depois da mudança para Parque Infantil?

Educação Sanitária

Fig. 4:: Educação Sanitária

Fonte: Boletim Interno da Divisão de Educação, Assistência e Recreio (1948, jun.)

Nas Escolas de Saúde e no Parque Infantil instalados em São Paulo as orientações relacionadas ao campo da educação física, na perspectiva da educação integral, integraram-se às do higienismo, na perspectiva das escolas ao ar livre. Diferentemente, no Uruguai, ao que tudo indica, as vertentes da educação física e do higienismo seguiram caminhos paralelos. As Plazas de Deportes recebiam crianças e jovens para exercícios e jogos recreativos e a prática de esportes, como futebol, voleibol, tênis e boxe (Scarlatto, 2015). Ao mesmo tempo, inauguravam-se em 1913 as Escuelas al aire libre, por iniciativa da Liga Uruguaya contra la Tuberculosis, contando com a colaboração do Cuerpo Médico Escolar e da Dirección General de Instrucción Primaria (Dalben, 2019).

As confluências e distâncias na história dessas instituições em toda a América Latina constituem um fértil campo de investigações a ser explorado.